quinta-feira, março 22, 2007

gritos incendiários

Da masmorra de um domingo vadio
Ouço as paredes a me provocar
e o barulho do silêncio em minha alma
Ecoa veneno

Da masmorra de um domingo vadio
O que não fui está à minha espera
Gastando em tragos a minha vida
Soprando-me a morte

"Pele gasta, ossos frágeis
meus olhos contemplam apenas a decomposição de minha própria existência.
Pele gasta, vida frágil
e tudo, quase tudo parece ter perdido a razão de ser.
A morte escapara pela diagonal.
Vida frágil, existência gasta,
o espelho reflete hoje apenas o desperdício de mim
uma vida que já se foi.

Madrugada
o silêncio das paredes em minha volta
ja não choro pela ausência daqueles que amei
ja não dói o esquecimento dos que me acompanharam
e me abandonaram
hoje é outra vida em mim que o espelho reflete
envelheço
acostumado com a solidão em que me deixaram"


E eu
A correr sobre os corpos do que passou
E à sombra do capataz
E eu a cavar as lembranças na cova da solidão
Apostando e perdendo pro tempo a seiva da alma

Dos destroços de um domingo vazio
A brisa da morte me espia
Erguendo sua foice em meu caminho
Rasgando-me a face

Dos destroços de um domingo vazio
Eu num cárcere de retalhos
Sob o preço e a pena de ter sido apenas
O que quase fui


[[sistema límbico]]